13 de fev. de 2018

Resenha: O Conto da Aia, Margaret Atwood


Editora: Rocco
Número de páginas: 368
Data de lançamento: 1985
(NOVO) Classificação: ★ 1/2

Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.


          Senhoras e senhores, que livro! Não esperava menos da obra que deu origem à uma das séries mais aclamadas (se não a mais) de 2017: The Handmaid's Tale, que inclusive já está passando o rodo nas premiações mais importantes da televisão, com atuações impecáveis, principalmente de Elisabeth Moss, que dá vida à nossa protagonista Offred.

          A distopia criada (porém inspirada em diversos aspectos da história) por Atwood muito nos faz lembrar de diversos discursos ou até mesmo situações já ocorridas no passado. Nessa realidade, após o assassinato do presidente e de outros membros do Congresso, um governo totalitário com fundamentação religiosa é instalado. Em tal regime, as mulheres não tem vez, fazendo com que as suas únicas tarefas sejam servir ao lar e ter filhos.

          Porém, após a guerra, muitas tiverem dificuldade em ter filhos, assim, a opção foi capturar as mulheres férteis para servir de "barriga de aluguel" para as Esposas dos Comandantes. O ato é realizado durante uma (bizarra) cerimonia, onde se encontra presente a Esposa, assim como no parto.

           O livro aborda diversos temas discutidos nos últimos anos, o que torna a leitura muito mais atual. Em nenhum momento eu me sentia lendo um livro da década de 80. O feminismo e as questões envolvendo o extremismo religioso pareciam estar sendo narrados por uma moça no ano de 2018. A série se aproveitou desse fato, trazendo a narrativa para os dias atuais, o que em nada prejudicou a essência da história.

          Ao narrar sua desaventura, Offred mescla momentos do presente e do passado, ou seja, da sua vida antes e durante os dias em que foi uma Aia. Porém, muito pouco nos é apresentado, e como a história é narrada da sua perspectiva, pouco sabemos a respeito dos outros personagens: sua amiga Moira, sua mãe, marido e filha, assim como Ofglen, sua amiga dos dias de Aia.

          Apesar dessa aparente falta de informações, eu apreciei muito a leitura e compreendi o seu formato. A narradora parece contar tudo às pressas, parecendo sempre que alguém pode interrompe-la a qualquer momento. Podemos sentir a sua urgência, o seu medo e sua angústia. A separação dos capítulos também foi muito satisfatória, o que tornou a leitura muito mais fluída e rápida.

          E vocês? Já leram esse clássico? Recomendo fortemente também a série produzida pelo Hulu, que já tem uma temporada completa. Não deve em nada a delicadeza, perfeição de detalhes e emoções do livro. 

Por: Mariane


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