4 de jun. de 2017

Relendo e redescobrindo: O apanhador no campo de centeio, J.D. Salinger


          Esse é um post de releitura, portanto contém spoilers da obra. Para ler a resenha, clique aqui.

          Nesse mês de Maio resolvi reler um dos meus livros favoritos DA VIDA. Fico meio com pé atrás quando o assunto é releituras - afinal, temos tanto livros pra ler, tantas metas, e vamos "perder tempo" lendo novamente um livro? Mas creio que certos livros não só merecem uma segunda leitura, como necessitam.

          Esse é o caso de O apanhador no campo de centeio, o clássico de J.D. Salinger, publicado em 1951. Eu o li pela primeira vez em 2015 e me apaixonei pela obra, pela escrita, pela humanidade do personagem protagonista, Holden. Desde suas reflexões a respeito da sociedade - que no início podem parecer exageradas e mesquinhas, mas com o passar das páginas entendemos todo o contexto que o personagem está inserido, como a morte do irmão mais novo e o suicídio de um amigo - até a própria personalidade do garoto, que possui um grande amor pelas crianças (que pode ser representado pela explicação do título do livro) e uma enorme sensibilidade.

          Durante o fim de semana que Holden vaga por Nova York e se mete em confusões envolvendo prostitutas e cafetões, reencontra velhos amigos, professores e namoradas, podemos acompanhar por meio de sua narração suas duras críticas em relação à sociedade em geral, a falsidade que envolve as relações, a maneira como as pessoas não ouvem umas às outras e como agem, e até mesmo críticas ao cinema, teatro e artistas em geral. Ninguém se salva dos julgamentos de Holden: com exceção das crianças.


As pessoas sempre aplaudem as coisas erradas

          Durante a história, podemos perceber a paixão de Holden pelas crianças, que pode ser explicada pela perda do irmão mais novo. Ele vê em sua irmãzinha de dez anos, Phoebe, o ser mais perfeito, compreensivo e inteligente do mundo, quando na verdade sabemos que ela não passa de uma criança curiosa. Quando questionado a respeito do que deseja ser, Holden diz querer ser um apanhador no campo de centeio - ele imagina crianças brincando em um  campo de centeio localizado em um precipício, e ele seria o responsável por não deixar as crianças desabarem. Existem diversas interpretações para essa passagem (não só essa, mas diversos outros trechos) e é o que torna a obra tão especial e única. O que para alguns que criticam o livro não se passa de páginas e mais páginas de um adolescente rabugento "reclamando da vida", para mim a obra se trata de um jovem em profunda depressão - e com indícios de que foi abusado sexualmente, diga-se de passagem - e com um coração enorme, necessitando urgentemente de ajuda.


"A vontade que tive foi de me matar: tive vontade de me atirar pela janela. Provavelmente teria teria pulado mesmo, se tivesse a certeza de que alguém ia me cobrir assim que eu me esborrachasse no chão. Não queria é que um bando de imbecis curiosos ficassem me olhando quando eu estivesse todo ensanguentado."

          Um livro magnífico em todos os sentidos. Desejo lê-lo novamente, dessa vez em inglês, porque apesar da tradução MARAVILHOSA realizada pela Editora do Autor, creio que alguns termos são inevitavelmente perdidos na tradução. 

          Holden, estou com você, e vou te defender sempre! Hahaha.

Por: Mariane

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